Vamos criar algo de bom com a raiva?
- Sílvia Gião
- 10 de nov. de 2021
- 5 min de leitura
Estou com raiva, e agora, o que eu faço com isso?
Bom, primeiro vou dar-te os parabéns!!
Chegaste ao primeiro ponto do caminho da cura. E digo-te que não é um ponto, É O PONTO FULCRAL.
É olhando, reconhecendo e assumindo, que podemos fazer algo de bom com isso.
Principalmente, se o ISSSOOOO, é algo "negativo", "feio", "nada espiritual" de se ter, expressar e assumir.
Talvez tenhas crenças que te digam que um ser espiritualizado, seja lá isso o que for, não pode sentir raiva. Uma emoção assim tão feia não condiz com alguém com esse perfil de espiritual.Talvez tenhas crenças que associes que alguém bastante espiritual, principalmente se trabalha nessa área ou na área de desenvolvimento pessoal, ou outra afim, está sempre a ter emoções maravilhosas e sempre numa vibração elevadíssima, tipo iluminado a tempo inteiro.
Talvez as tuas crenças te digam que se estas a sentir raiva, a expressar essa emoção, e até a sentir o teu estômago a ser corroído por fluidos raivosos, estás num patamar muito baixo desse padrão iluminado, logo estás tramado.
E então perguntas-te: E agora, o que eu vou fazer com isto?
Talvez a tua primeira solução seja, IMPEDIR A RAIVA, ENGOLIR, COLOCAR UM TAMPÃO. Hum, parece-me que assim não vais lá. O que se bloqueia e se tenta ignorar, vai aumentando, aumentando até rebentar. Pode-te rebentar o fígado!
Talvez te apeteça LIBERTAR SOBRE ALGUÉM. Atenção escolhe bem a pessoa não vá ficares com um olho negro! Também não me parece que seja uma boa ideia, mesmo que não fiques com o olho negro, aquilo que lanças para o exterior acabas por receber. Sendo assim prepara-te para receberes situações desagradáveis de retorno, que provavelmente te vão fazer ter mais crises de raiva.
Talvez escolhas varrer para debaixo da saia ou da calça e assobiares para o lado. Isto não é meu, isto não é meu. Isto não é meu. Até que bates com o pé numa pedra e tens um surto de raiva contra a pedra e o pé fica em mal estado. Talvez consigas ficar de baixa uns dias a pensar na tua vida e lá levas de volta com a raiva.
Talvez comeces a arranjar uma forma de entregares esse teu presente a alguém. Procuras a vítima certa para a culpares e tentas convencer a raiva a sair de ti e a ir possuir o outro. Hum, talvez até consigas contaminar o outro com a tua raiva, mas é tipo uma virose sabes, lá porque a passaste ao outro não quer dizer que ela tenha saído de ti. Vai-se multiplicando e encontrando vários hospedeiros.
Cansado de arranjar soluções que não funcionam? Bom, vou falar-te acerca de mim!
Eu tenho outro tipo de crenças acerca da raiva e de tudo o que falamos atrás. Eu acredito que todos os seres humanos têm sentimentos, pensamentos, emoções negativas, o tal lado sombra, que não se fala muito, principalmente na primeira pessoa. Faz parte da sua condição de humano, de viver na dualidade, e a dualidade também existe dentro de nós. O lado bom e a lado mau, a sombra e a luz, existem e convivem dentro e fora. A minha crença diz-me que as pessoas mais maduras espiritualmente, mais conscientes, mais lúcidas e comprometidas com o seu crescimento, têm a capacidade de olhar para o lado sombra, nomeadamente para a raiva, e a acolher. Aceitar isto pertence-me. É fácil? Por vezes é bem difícil, sim. Mas com a prática deste exercício e a desconstrução do cenário idílico da iluminação total dentro de nós, conseguimos tornar mais fácil, mais rápido e mais eficaz a transformação da raiva em algo de muito bom. Tenho ainda outra crença acerca da sombra que te vou dizer. Só quando um terapeuta está à vontade para te falar do ser lado sombra, porque já contactou com ele, já o olhou, já a abraçou, transmutou, ressignificou e iluminou, já passou portanto pelo processo de trabalho interior, está preparado para te dar o apoio o suporte para que tu também possas passar pelo teu processo. Não só porque já aplicou nele a ferramenta, a teoria, a metodologia, mas principalmente porque a vivenciou e sabe, portanto, tudo o que isso representa. Tem em si a compaixão e as chaves quânticas que facilitam o processo nos outros.
Eu, numa das minhas crises de raiva, fiz a escolha de olhar a raiva nos olhos, de lhe dar espaço e tempo para que ela se manifestasse, se apresentasse a mim, com nome, com cor, forma.com todo o seu conteúdo, tudo o que a compunha. E neste processo de olhar e acolher, percebi que a raiva foi começando a mudar de cor e tonalidade e que também não estava sozinha. A raiva foi passando para o nível de frustração e depois para o nível da dor e me mostrou um controlador cansado, exausto, ferido que tentava proteger uma criança ferida.
A técnica que utilizei em mim foi a arte. Desta vez para poder chegar mais fundo, mais na raiz da erva daninha, usei o método de corte na tela. E foi assim que descobri a forma da raiva e as suas amigas e alguns pontos externos a mim que se vieram juntar à festa, atraídos pela vibração que eu estava a emanar.
Depois de tudo revelado, abracei tudo com compaixão, transmutação e amor. A luz do Sol incidiu sob a tela da sombra colocando tudo a nu e envolvendo tudo com a sabedoria divina, o amor divino e a ordem divina, para além de todos os demais raios. Foi preciso dar tempo para que o Luz fosse fazendo o seu trabalho de iluminação e cura. No final a criança ferida estava menos ferida. A minha sombra tinha diminuído e a luz aumentado. Um novo equilíbrio atingido, um novo patamar de consciência mais elevado para poder manifestar algo mais belo na vida. Algo belo como a tela se apresentou depois do meu trabalho de arte ao serviço da terapia transpessoal.
Agora já é mais fácil. Quando a vida me der a próxima oportunidade de olhar novamente a raiva ou outra sombra, ainda mais escondida, que me vai convidar a mergulhar mais fundo, aqui vou eu de tesoura na mão, ou outra técnica de escavação, tratar a fundo com responsabilidade esse aspecto que chama a minha atenção!
Sei também que no final recebo um glorioso prémio, ou melhor 2. O prémio de elevar a minha consciência, ficar um pouco mais iluminada, quiça recuperar um DOM que estava cristalizado nessa dor revoltada e uma nova obra de arte.
Afinal a Vida é a nossa Obra de Arte mais valiosa.
E a arte é a terapia da vida, ou será que a Vida é a arte da terapia?
Um abraço meu, Sílvia Gião Facilitadora Transpessoal Criativa Intuitiva
Em mergulhos à procura dos meus Dons para te inspirar e te facilitar o caminho.









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